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Hora da partida

Quando tudo e nada parecem ser a mesma e inútil coisa. Eu estava ali, parada diante daquele que aprendi a sempre odiar, daquele que sentimentos não me cabiam sentir... Antes era assim, antes; pois agora meus olhos dos seus não conseguem fugir, meu coração sem seu ser não consegue bater, mas minha cabeça sabe o quão errado eu estava por sentir e sentindo. Seus olhos pareciam confusos, seu coração mais ainda e eu sabia que a culpa sobre mim caía, eu tinha a resposta na consciência, mas ela me fugia por meu coração pedir para que ali eu continuasse, parada, muda e, como sempre, transparente como a água que ele nunca viu. Dois mundo distintos, colocados frente a frente pelo destino, que sabia que um ia sair machucado e esse um, eu sabia que era eu. Ele continuava a segurar meus braços com medo de que daquele lugar fosse sair, ele não sabia que estava no lugar onde pagaria a sentença que fosse para ficar e permanecer. Egoísta, muito egoísta estava sendo ao ficar imóvel enquanto o via entrar em um surto calado, minha boca não queria dizer que eu não podia ali ficar, muito menos ao seu lado. Lembrei-me de quanto já tinha sido racional com o mesmo, de quanto calculista e focada no que vim a fazer eu já tinha mostrado e agora, nada, nada conseguia me tirar de onde estava. Sentimento que até então idolatrava, naquele momento me matava de pedaços em pedaços, mostrando o quão frágil eu sempre fui, agora o sonho de o ter estava realizado, e eu lamentava de tê-lo que deixar, e saber que minha opção era sofrer.
Naquele instante, eu o olhei e a lágrima que antes nunca ousou se derramar, caiu com pressa, deixando seu caminho úmido sobre minha bochecha; fechei os olhos por um breve instante como se estivesse reafirmando tudo que eu soubera há muito tempo, o olhei de volta e retirei suas mãos de minha pele, como se estivesse queimando a mim própria por tal absurdo. Vi seu olhar se tornar desesperado e meu coração foi apertado tão forte, que cheguei a colocar minha mão sobre o peito para tentar ampará-lo, mas ele estava obstinado a continuar apertado e triste. Dei, enfim, um passo para trás, impondo a distância que não queria, e seu olhar se tornou suplicante da minha permanência... Então, veio o vento soprar meus cabelos e sussurrar em meu ouvido o que eu já sabia que iria acontecer. Fechei os olhos mais uma vez, dessa vez para não ver os dele que em mim deixavam a culpa, respirei o mais fundo e calmo possível, sentindo meu mundo me puxando de volta, e então desapareci perante seus olhos.
Foram os trinta segundos que eu gostaria de apagar de minha existência, pois do meu mundo vi o quão triste o tinha deixado, mas sabia que tinha feito o correto. Fiz um vento passar por seu cabelo e lhe mandar meu cheiro com uma doce lembrança do meu adeus.

"antes que tudo termine, antes que todos gritem e chorem, antes que eu mesma entre em desespero, pensarei em você, sem nem saber o porquê, sem nem ao menos me tocar. perguntem o que perguntarem, minhas respostas serão as lembranças do que ainda sinto por você e o que sempre sentirei. por mais difícil que seja, sem nem saber, você será minha fortaleza, e sem nem ser recíproco o meu sentimento aumentará naquele instante, pela chama que seu amor ainda teima em me aquecer. então lembre que antes que o mundo acabe ,você ainda será meu paraíso, mesmo que proibido" (Júlia Máximo)


texto tirado do futuro livro 'Abra as Fadas'

até breve.

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